segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

10 de Janeiro de 2000

11 Anos.
Como eu sinto sua falta... Que saudades!
Sabe, papai, pensei em você todos os dias.
Onde você está?

Papai, eu estou brava com você.
Você não estava lá comigo quando eu aprendi a andar de bicicleta. Você não me levou ao parque, nem me levou pra viajar. Você não brigou comigo pra eu botar um short maior. Você não disse que horas chegar depois da primera balada. Você não dançou comigo a valsa da meia noite nos meus quinze anos. Você não me ensinou o certo e o errado, papai. E se eu for pro caminho errado? Por que você não estava comigo, papai? Por que me deixou assim?

Sabe, papai, hoje no almoço eu estava pensando...Somos tão parecidos, né? Eu gosto de ler, e adoro pão com ovo, e quiabo e pimenta...

Pai, eu não me lembro mais do seu cheiro, nem do seu abraço... E as vezes, nem do seu rosto.
Quero seu colo, papai. E chorar, e chorar...

Pai!
Pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo pra gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez...

Pai!
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre
Esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz...

Pai!
Pode crer, eu to bem
Eu vou indo
To tentando, vivendo e pedindo
Com loucura pra você renascer...

Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Pra falar de amor pra você...

Pai!
Senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco sua voz tá tão presa
Nos ensine esse jogo da vida
Onde a vida só paga pra ver...

Pai!
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus braços você foi mais eu...

Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Pra pedir pra você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar

Pai!
Você foi meu heroi meu bandido
Hoje é mais, muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém ta sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai...Paz!