terça-feira, 13 de março de 2012

O Brasil na pele d'uma moça - Antonia


Antônia chora descalça
Arrancada do brinquedo;
Roubaram-lhe o doce.
Antônia tem olhos famintos
Um vestido rasgado, uns dedos surrados;
A menina teme o futuro incerto...
De ser sem teto; de ser sem amor
Antônia pede socorro p'ro mundo bobo
Tem medo que lhe cuspam na cara;
Tem medo e está sozinha...
O corpo magricela saltita á luz do dia,
Antonia goza do momento,
Antonia até abusa, e recua.
Como o fruto podre, foi vomitada da árvore,
Rejeitada; E fraca caiu.
Antonia levanta-se, limpa a face esfolada,
Sacode a saia e sorri.
Antonia encara, mesmo com medo.
A mulher quer a felicidade no futuro incerto e certo.
Antonia sonha e tem pesadelos.
Antonia agora está incompleta
Escuta o som do violão e acorda
O violão de Toquinho, o Violão de Vinícius, o Violão de Caetano...
Antonia tem glóbulos verdes e amarelos;
Antonia segue,
apoiada no ombro, peito, braço, lábio.
E vai.