domingo, 9 de outubro de 2011

A história da Antônia que não nasceu

Ela precisava de um colo.
Existia uma dor no peito muito grande. Ela já não aguentava mais segurar tantas lágrimas.
Quanto tempo? 3 meses? Quase isso.
Ela andava desconcertada pelos quatro cantos do cômodo, quase botando um ovo.
Ela precisava de um colo.
As palavras que ela mesmo dissera mais cedo, agora a engasgava.
Pegava um copo, acendia um cigarro. Largava o copo vazio na mesa e jogava o cigarro fora, tinha asma.
Ela precisava de um colo. Queria uma mãe pra chorar, um pai pra brigar e uma irmã pra contar. Ela não tinha.
Ela segurava cada gota de lágrima, nem um sal escorria pelo seu rosto a muito tempo.
Ela estivera rindo na presença dos vizinhos e das pessoas sociais. Estivera rindo mais cedo.
Um amigo dela chorou. Ela foi fria na frente dele. Não queria desabar junto.
Ela precisava de um colo desesperadamente.
Terminou de andar, quase furou o chão. Entrou pro quarto - agora mais calma -, sentou-se na cama.
Terminou sua história e dormiu.