Eu nasci frágil
Submissa, obediente.
Eu fui ningúem.
Sem papel nesse filme da vida.
Me acovardei deixando a minha cabeça baixa e falando de voz fraca.
Até que não aguentei.
E na minha adolescência...Ah a minha adolescência!
Na minha juventude minha cabeça borbulhando de ideias.
Dei minha cara a tapa.
Lutei.
Batalhei.
Queimei o meu soutien e o meu espaço fui conquistando.
Será que fui?
Que tolice a minha!
Aqui estou eu, já na minha idade adulta... Continuo lutando.
Hoje sou de soldado à general.
A cada louça que lavo. A cada relatório entregue no trabalho.
E eu conquistei?
Ah Deus, minha vida está passando!
Continuo, indiretamente, submissa.
Ainda sou frágil.
Quem sabe quando a velhice chegar,
terei a tão sonhada liberdade.
Será ela um mito?
Já faz tanto tempo desde que a apresentaram a mim, mas eu nunca a vi...
Talvez um dia eu a alcance... ou não.
Pode demorar... ou não.
Sei de mim, que não desistirei.
Nem minhas filhas,
as filhas de minhas filhas
e nem as filhas das filhas de milhas filhas.
Afinal, sou mulher então.